SENTIMENTOS NA COTAÇÃO DE VALORES
Quanto deve valer a ausência afetiva de um pai ou de uma mãe? Pode ser medido em valores monetários?
Hoje tudo que acontece fora
do programado, do pedido, do autorizado, do que direito do reclamante transforma-se
em indenização. Agora também é passível de ressarcimento a ausência afetiva e/ou
participativa dos pais. Se a briga na justiça é por causa da falta destes nas
festas de aniversário, nas reuniões escolares, nas festas comemorativas, aonde
cabe o pagamento em dinheiro para suprir tudo isso? Esse dinheiro é capaz de ser
transformado em afetividade ou substituir o carinho, a amizade, o respeito, a participação
que deve existir entre familiares ainda que os componentes vivam separadamente?
Se os “sentimentos de mágoa
e tristeza causados pela negligência paterna” podem ser mensurados em 200 mil
reais, é possível entender por que os filhos da nova geração usam o consumismo
para preencher o vazio deixado por pais que precisam se ausentar em jornadas de
trabalho para oferecer melhores condições de sobrevivência, quando talvez o
ideal fosse uma reorganização de horários.
Chegando a esse ponto, é
perfeitamente compreensível que estejamos vivendo num mundo completamente corrompível,
onde o dinheiro fala mais alto em quase 100% das situações que precisam de resolutividade
prática e definitiva.
Vende-se e compra-se a fé, a
escolha de votação, o direito de expressão, as ideias e agora os sentimentos e
o direito a eles. É uma verdadeira inversão de valores. E ainda há aquele que
esperam o fim do mundo e até contestam sua existência.